Muitas pessoas passam pela vida como se pedissem desculpas por estar aqui. Não percebem as grandes oportunidades de crescimento que as dificuldades produzem e, por não perceberem, se recolhem na timidez, no medo, na auto sabotagem. Não se lançam na vida pelo medo de assumir sua própria vida.

No trabalho, obedecem as ordens cegamente, tornando-se apenas uma peça na manutenção da máquina já conhecida. Se algo muda elas se perdem completamente. Podem até adoecer quando aparece um processo de mudança ou caso exista uma necessidade premente da organização em buscar novos mercados, muitas vezes como questão de sobrevivência. Sentem-se alijadas do processo, interpretando, muitas vezes, como uma perseguição, como uma punição à sua dedicação. Dedicação que se efetivava na profunda obediência a regras e normas estabelecidas.

Na vida afetiva o medo aparece e as tornam pessoas pálidas, sem vida. Mesmo que sejam aceleradas.

E porque tanto medo em tomar decisões?

Decisão de colocar para seu chefe que existem outras formas melhores para chegar ao mesmo resultado e, se não ouvido, buscar outro lugar onde possa exercer sua criatividade. Imediatamente vem o receio de ser mal entendida e colocar o emprego em risco.

Decisão para mudar a forma de comunicação existente no grupo emocional. Imediatamente vem o receio de ser mal entendida e colocar o afeto em risco. Tem medo de perder pessoas, como se proprietárias fossem, mesmo sendo infelizes e carregando frustrações e desencantos.

Decisão para buscar atividades complementares e que permitam uma realização existencial ou espiritual. Imediatamente vem o receio de não ter tempo para atender as necessidades dos outros.

E o que é realmente DECISÃO?

Para o filósofo grego Aristóteles, decisão é “o momento conclusivo da deliberação no qual se adere a uma das alternativas possíveis (…) uma apetição deliberada referente a coisas que dependem de nós.” Para se tomar uma decisão é preciso que tenha sido observada as alternativas possíveis, tenha sido examinada a situação que produz algum tipo de conflito ou desconforto e se busque a cisão, se promova a ruptura e mude o rumo dos acontecimentos.

E a dificuldade existe porque, muitas vezes, temos o novo caminho como ameaçador pois ele irá desarticular uma parte de nosso sistema de crenças, de nossos valores, de nosso comodismo. Teremos que formular novas perguntas, nos defrontarmos com novos problemas e buscarmos novas soluções.

Karl Popper, filósofo austríaco, formulou uma interessante equação que mostra como se dá o crescimento do conhecimento humano e que pode ser utilizado também para o crescimento organizacional e existencial.

Escreveu ele que quando temos um problema P elaboramos uma Teoria T para resolve-lo, buscamos Eliminar os Erros da teoria e chegamos a Solução que por sua vez trará novos Problemas.

P->T->EE->S¹->P²

Assim como uma organização precisa estar aberta para perceber os novos problemas que surgem dentro da sua rotina e que, muitas vezes, estão presos ao desrespeito aos que vieram antes, também os funcionários precisam estar atentos na sua relação com tudo e com todos para evitar que o seu medo de crescer impeça o crescimento de todos. E, principalmente, o seu crescimento profissional, emocional e espiritual, num mundo em crescente velocidade de transformação e mudança.

É preciso estar em constante movimento para acompanhar o movimento da própria Vida e não correr o risco de, saindo do fluxo das águas do rio existencial e social, tornar-se uma poça de águas paradas, com uma população de parasitas emocionais e econômicos, fora do sistema evolutivo pessoal, econômico e social, transformando-se em pessoas e organizações que estarão fadadas a estagnação e/ou desaparecimento.

A decisão de crescer, de progredir, de evoluir, implica olhar sistemicamente e escolher fazer a cisão com a estagnação e ousar buscar novos caminhos, novos rumos, novos problemas e novas decisões.

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Ruth Barbosa

Filósofa / Consteladora Familiar (IBHBC) / Especialização Internacional em Constelação Familiar e Organizacional (ISPAB) /Facilitadora de Psych-K®