
Vivemos em um eterno processo de mudanças. Tudo muda! O tempo todo. As coisas mudam. A única coisa que não muda é a própria mudança. Contudo, quase sempre, nós resistimos. Desde muito cedo, olhamos as mudanças como inimigas ou destruidoras do nosso conforto. Quando éramos crianças, por vezes, os adultos personificavam um terreno permeado pelo medo, insegurança, gritos ou ausências.
Depois, quando nos tornamos adultos, chegam responsabilidades associadas ao peso de frases, tais como: “comerás o pão com o suor do seu rosto.”. A vida, que deveria ser fluida, vai se tornando pesada com a internalização de inúmeros padrões familiares, sociais e culturais. Dessa forma, seguimos uma vida inteira arrastando correntes de crenças que impedem o florescimento de nossas potencialidades.
No entanto, as mudanças são inevitáveis. E quando conjugadas aos processos internos de resistência resultam em dor e sofrimento. O resultado desse processo é o caos que se instala, obrigando-nos a decidir: retornar ao conforto conhecido ou despertar o próprio potencial para explorar o novo.
Poucas pessoas percebem que a fé em um Criador é fundada na crença em si. Afinal, do que adianta acreditar que existe um Criador e não acreditar na criação? Dito de outra forma: como acreditar em um Criador e não acreditar em si mesmo(a)?
Aliás, não nos disseram que as pessoas são como são. Não nos disseram que existe uma grande variedade de formas de ver o mundo, tampouco que cada pessoa vê o mundo de um modo particular. É certo que podemos escolher viver em relações familiares e sociais como também podemos escolher não conviver. Essas opções, entretanto, não nos impedem de compartilhar conhecimentos, disponibilidades e recursos com as outras pessoas. Convivendo ou não com determinadas pessoas, nada impede o exercício da solidariedade com senso, prudência, alegria e fé.
Além disso, a escolha de abrir a alma para o novo vem associada ao receio de não dar conta do desconhecido. Esse sentimento decorre da crença na existência de um mundo hostil e povoado de problemas. Os problemas, contudo, são apenas construções humanas. Na qualidade de seres humanos e, portanto, dotados de força interna inerente à condição humana, estamos aptos a encontrar as melhores soluções.
Note-se que sempre será possível escolher retornar ao conforto anterior, mas a sensação de vazio decorrente dessa escolha é implacável e rapidamente se instala. Daí a existência de pessoas que, sistematicamente, preenchem a própria existência pela busca de distrações. No entanto, a tentativa de apartar-se da realidade é potencialmente geradora de brechas para a chegada da depressão e, novamente, do caos.
Então, acreditar na própria potencialidade e nas infinitas possibilidades que estão ligadas as escolhas, estas que tanto podem ser escolhas por mudanças ou opções pela paralisia, darão o tom da música interna que ouviremos.
Aproveitando a oportunidade, sugiro a música Todo Cambia, de Mercedes Sosa, para ouvirmos com a Alma.
Todo Cambia
Cambia lo superficial Cambia también lo profundo Cambia el clima con los años Cambia el más fino brillante Cambia el rumbo el caminante Cambia el sol en su carrera Cambia el pelaje la fiera Pero no cambia mi amor Lo que cambió ayer Cambia, todo cambia Pero no cambia mi amor Lo que cambió ayer Cambia, todo cambia |
Tudo Muda
Muda o superficial
Muda o clima com os anos Muda o mais fino brilhante Muda o rumo do andarilho Muda tudo muda
Muda o sol em sua corrida Quando a noite o substitui Muda a pelagem a fera Mas não muda meu amor O que mudou ontem Muda tudo muda
Mas não muda meu amor O que mudou ontem
Muda tudo muda |