Uma boa parte das pessoas tem medo de ser classificada como ambiciosa. É como um rótulo moral, fora dos bons sentimentos, que faz com que a pessoa se sinta julgada como alguém egoísta, utilitarista, perigosa.
Busca-se, de muitas formas, transformar a ambição em piedade, caridade, para escapar do monstro de querer algo a qualquer custo.
Mas o que é ambição? Segundo o senso comum, é querer alguma coisa sem medir consequências. Será?
Ambição é matéria prima na construção pessoal e social. No âmbito pessoal, a ambição impulsiona para buscar atingir um objetivo. O objetivo é que dirá se é ambição.
Ambição caminha na estrada do desenvolvimento, mas pode, em determinando momento ir para um atalho que não tem saída, que não desenvolve que vai bater num muro que divide o ser do não ser. E neste desvio a ambição ganha outro nome: ganância.
Ambição é filha da evolução e ganância é filha direta do egoísmo.
Ambição coloca-se a serviço do outro, ganância serve a si mesmo e ao atraso. Ela circula em torno de si e provoca estagnação. Acumula, não compartilha, e quanto mais tem mais quer. Para nada fazer. Quem acumula, seja dinheiro, potes, garrafas ou conhecimento é movido pela ganância. A coleção precisa ser cada vez maior.
Ambição é o anseio constante de alcançar determinado objetivo. Ganância é ânsia constante de ter cada vez mais, para si. O ambicioso ao alcançar determinado objetivo amplia seu campo de visão e quer o que ainda não é visto. O ganancioso ainda não alcançou e já quer o que ainda não é visto.
Sem ambição não existe ganância. Mas com ganância é possível que a ambição fique de lado por não ser mais necessária. Uma coleção de pratos começa com a ambição de ter um prato, mas logo vai para o desvio e a coleção de pratos cresce. Para que? Para ser colocado na parede da sala.
A ganância busca preencher um vazio existencial. E como todo vazio da alma, torna-se um buraco sem fundo. Daí o ganancioso querer sempre mais e mais, para si.
Ambição está a serviço do desenvolvimento da criatividade. Sem a ambição de conhecer a natureza a ciência não existiria. Sem a ambição de conhecer o funcionamento do cérebro humano, a neurociência também não existiria. E o que dizer das teorias psicanalíticas? Sem a ambição de conhecer a mente humana como estaríamos em nossos conflitos existenciais?
Sem esta alavanca chamada ambição estaríamos vivendo nas cavernas, a regida pelos instintos, para a sobrevivência e perpetuação da espécie. Com o surgimento da ambição sair das cavernas foi natural e a humanidade criou agrupamentos chamados de tribos que com o passar dos séculos foi transformado em impérios que cedeu espaço para a constituição de Estados. E hoje, muitos ambicionam e trabalham para um mundo regido pela Ética da Solidariedade enquanto os gananciosos lutam, desesperadamente, para manter estruturas antigas que alimentam o egoísmo e a sede de poder.”
Que todos tenham ambição, nos níveis pessoal e social, para que todos os seres viventes sejam respeitados, para que a Vida seja o Bem Maior e todos se tornem cidadãos construindo uma sociedade mais igualitária e solidária.