Coluna A Vida na Justiça com juíza Andrea Pachá da rádio CBN apresentou no último programa o tema Constelação Familiar como uma técnica alternativa para resolver conflitos familiares. Ruth Barbosa presidente da Associação Práxis Sistêmica trouxe sua experiência e conhecimento nessa área para auxiliar na compreensão dessa nova técnica utilizada na justiça.
Acompanhe alguns trechos dessa entrevista.
Juíza Andrea Pachá: “A gente tem que lembrar que todas as vezes que falamos em uma ruptura afetiva, no fim de um casamento, nos conflitos que envolvem guarda de filhos, pensão alimentícias, estamos falando de um momento muito difícil para as pessoas que passam por ele. São dores profundas que nem sempre podem ser resolvidas com uma sentença ou com intervençãodo Estado, é bom lembrar que a gente vive em um momento social em que grande parte das pessoas é refratárias a qualquer tipo de contrariedade, a qualquer tipo de perda, então lidar com perda nessa sociedade tem sido muito difícil. Há uma urgência em passar pelos problemas como se existisse uma vara magica que restabelecesse o afeto, ou que fizesse as pessoas sofrerem menos. A gente precisa enfrentar o momento da dor, precisa saber que aquele momento vai passar e buscar alternativas que não são encontradas apenas na justiça mas em outras portas que se abrem para auxiliar nesse momento de luta e de perda, a terapia, as mediações, a possibilidade de fortalecimento da autonomia de vontade, para que as pessoas possam compactuar sobre as questões objetivas do divórcio com menos dor ou com menos sofrimento.
Bianca: Essas técnicas estão no centro de uma peça de teatro, vamos conversar com a presidente da Associação Práxis Sistêmica Ruth Barbosa, para falar sobre esse espetáculo que está em cartaz no Centro Cultural do Poder Judiciário e tem como pano de fundo a prática chamada Constelação Familiar…
Ruth Barbosa: Estamos há quatro anos fazendo esse trabalho na Justiça, e quando você fala sobre questões das pessoas terem dificuldade com a dor e buscarem sair dela com a mais rapidez possível, é verdade, porque existe uma construção social para isso. Quando as pessoas desaguam na justiça elas querem que alguém resolva aquela dor que elas têm, e encontram muitas vezes barreiras imensas porque são vistas como números de processos. Apenas quando acontece pessoas como você Andrea Pachá, Dr. André Tredinnicke, Mylène Vassal e outros que já tem um novo olhar para essas pessoas, e elas se sentem vistas. Um dos grandes problemas que enfrentamos na sociedade atual é exatamente pessoas que não são vistas, nessa sociedade partida algumas pessoas são totalmente invisíveis.
Bianca: E essa peça de teatro coloca justamente essas pessoas como protagonistas. A peça está em cartaz na próxima semana nos dias 30 de outubro e 01 de novembro.
Ruth Barbosa: “Casa da Família” é um trabalho de final do curso de Formação de Consteladores. A peça escrita por Cristina Biscaia roteirista em colaboração com o Dr. André Tredinnicke e comigo, relata os casos que aparecem, porque todos os casos que desaguam no judiciário têm um ponto em comum, todos querem ser felizes, e não conseguem porque tem seus próprios emaranhamento. Como se aprende a amar? Não se aprende amar, se aprende a odiar, a sociedade produz isso, os próprios sistemas familiares equivocados produzem isso. O espetáculo foi apresentado no espaço Arena Dricó, na Penha, ficamos emocionados de ver as pessoas rendidas a arte, porque a arte salva.
Bianca: Teremos uma sessão inclusiva, com áudio descrição e intérprete de Libras, no palácio da justiça no Rio de Janeiro, na próxima quarta e quinta feira, na rua Dom Manoel, 29. Entrada Gratuita, ingressos distribuídos 30 minutos antes do evento. Dr. Andrea nada como aproxima o cidadão da Justiça através da arte.
Juíza Andrea: Tem uma coisa que é muito interessante principalmente Direito de Família, quando você vê o teu sofrimento reproduzido em um filme, no teatro em uma novela em um livro, você se sente menos solitário, porque você percebe que a tua dor é parecida com a dor de muitas outras pessoas. O Dr. André Tredinnicke é um juiz excelente e tem trabalhado de uma forma muito insistente nessas alternativas de soluções de litígios e não um enfrentamento judicial… Então todo mundo que tiver oportunidade eu sugiro assistir ao espetáculo que é de graça, é uma forma de entender como funciona esse mecanismo, e entender também que dentro do judiciários faz usos de métodos que não são sentenças que não são prisões, mas que são espaços nos quais as próprias pessoas conseguem buscar soluções para seus conflitos…
Ouça a entrevista completa em:
CBN Direito de Família – Andréa Pachá
Foto: Marcos Queiroz